O anúncio de que os clientes dos hotéis e dos estabelecimentos de alojamento local vão ter de apresentar, obrigatoriamente, certificado digital ou teste negativo à covid no momento da admissão, deixou Eduardo Miranda, presidente da ALEP – Associação do Alojamento Local em Portugal à beira de um ataque de nervos. “É tão inacreditável que ainda esperamos ver isto mudar. Passamos um ano a investir no check in não presencial e agora vêm com estas medidas? Só pode ser engano”, comenta depois de ler duas vezes o comunicado do Conselho de Ministros.
Entre o que foi anunciado na tarde desta quinta feira e a entrada em vigor do novo quadro que regulamenta a atuação do sector, possivelmente já a partir de sexta-feira, Eduardo Miranda quer acreditar que algo terá de acontecer. Basicamente confia “que o Governo acabará por perceber que não separou o Alojamento Local do novo pacote de medidas por esquecimento ou desatenção”.
O PROBLEMA DO INTERIOR
Na verdade, seguindo indicações do próprio governo e das autoridades de saúde, o sector passou o último ano a investir no check in não presencial, de forma a evitar o contacto direto com o cliente e o risco de contágio. E agora, para verificar certificados e testes, terá de seguir “uma política contrária porque tudo tem de ser feito presencialmente”, sublinha.
Mais: “Tudo é anunciado assim, de um momento para o outro, sem qualquer aviso prévio. E estamos a falar de decisões com um impacto muito difícil no sector, quase impossíveis de operacionalizar em 24 horas”. “Isto dificilmente será operacional para nós”, alerta, especialmente preocupado com o interior do país onde os donos das habitações estão muitas vezes a 100 km, 200 km ou mais de distância das casas.
“Estamos a falar de um sector em que 90% dos apartamentos e moradias são privados, não têm uma receção”, justifica sem esquecer mais um alerta: “estamos no fim de contas a incentivar um contacto físico que aumenta o risco de contágio em vez de o reduzir, até porque à distância é impossível confirmarmos quem está no apartamento e não podemos antecipar o pedido do certificado ou do teste por via digital porque não podemos ficar com dados de saúde das pessoas”, conclui.