Autoridades oficiais do Algarve e da região espanhola da Andaluzia participaram hoje numa cerimónia simbólica para assinalar a reabertura da fronteira luso-espanhola pela Ponte Internacional do Guadiana, após três meses e meio de encerramento devido à pandemia de covid-19.
O presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve, António Miguel Pina, e o presidente da Região de Turismo do Algarve, João Fernandes, destacaram a importância do momento para a economia dos dois lados da fronteira e para as relações socioculturais entre as povoações da fronteira, numa cerimónia na qual estiveram acompanhados pela representante do governo regional da Andaluzia na província de Huelva, Bela Verano.
Acompanhados também pelos presidentes dos três municípios que compõem a Eurocidade do Guadiana – Conceição Cabrita, de Vila Real de Santo António, Francisco Amaral, de Castro Marim, e Natália Santos, alcaidessa de Ayamonte (Espanha) -, António Pina e João Fernandes entregaram depois sacos de laranjas algarvias aos visitantes espanhóis e estrangeiros que atravessaram a ponte para entrar em Portugal, como forma de “agradecimento pela confiança” que depositam no Algarve.
O presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL) explicou que a iniciativa de hoje junto à Ponte Internacional do Guadiana foi um “momento que se pretendeu marcar” porque “há mais de 30 anos” que os dois lados da fronteira se “habituaram a viver de uma forma tranquila e às vezes já nem se percebia que havia uma fronteira entre dois países, duas regiões e cidades”.
“E esta reabertura, de forma simbólica, quer dar mais expressão a esse momento”, afirmou António Pina aos jornalistas, salientando que o “Algarve, a Andaluzia e a província de Huelva [Espanha] precisam das fronteiras abertas para viver e desenvolverem-se em conjunto”.
“Esperamos que este processo seja um sucesso e os nossos países e regiões continuem a fazer o caminho do controlo da pandemia, porque a economia precisa e as pessoas também precisam da economia”, acrescentou.
O presidente da Região de Turismo do Algarve, João Fernandes, destacou também a importância do momento, frisando que o mercado espanhol é “responsável por mais de um milhão de dormidas” por ano na região portuguesa e que a abertura da fronteira beneficia a economia das duas regiões, muito assente no turismo.
A representante do Governo da Andaluzia na província de Huelva, Bela Verano, lembrou a forma como “a crise da covid-19 afetou a saúde dos compatriotas e as relações transfronteiriças”, deixando as populações dos dois lados da fronteira “a sofrer duplamente com o isolamento”, após verem “a forma de vida compartida parar em seco” e “as relações pessoais e comerciais desaparecerem de imediato” com o encerramento das passagens entre os dois países.
A mesma fonte congratulou-se por hoje se “voltar a abrir canais de comunicação naturais e históricos” entre os dois lados da fronteira, “unindo os três povos, o Algarve, a Andaluzia e o Alentejo”, com o qual a região espanhola também faz fronteira.
As fronteiras terrestres entre Portugal e Espanha estavam fechadas desde 16 de março, como medida para evitar a expansão e controlar a pandemia de covid-19, e reabriram às 00:00 de hoje.