A lenda espalhou-se pelas redes sociais, mas esconde uma outra origem que nada tem a ver com a forma física dos monges. A imagem percorre as redes sociais há vários anos, carregando consigo uma lenda. Segundo o mito, do outro lado da porta estava a cozinha e quem quisesse buscar a sua refeição teria que ser capaz de a atravessar. Os estreitos 32 centímetros de largura asseguravam que os monges não poderiam ter uma volumosa barriga e teriam que manter uma dieta cuidadosa e em doses controladas, sob pena de não conseguirem deslocar-se à cozinha. Infelizmente, tudo não passa de uma mentira, revela a NiT.
A curiosa e estreita porta do Mosteiro de Alcobaça deu origem a inúmeros relatos e histórias sobre um suposto tratamento rigoroso dos monges contra a obesidade.
É verdade, contudo, que do outro lado da porta existia uma cozinha, como explicou à mesma fonte um dos responsáveis pelo Mosteiro de Alcobaça. “A cozinha primitiva do mosteiro localizava-se do outro lado dessa pequena porta, mas dela só há agora vestígios arqueológicos”, esclareceu. “A atual cozinha, que é extremamente apelativa e que é do século XVIII, não foi a primeira.”
A porta é também mais larga do que é revelado nas inúmeras publicações que espalham o mito da “porta pega gordos”. “Não tem apenas 30 centímetros. Tem, seguramente, pelo menos 50”, frisou.
Porque seria tão estreita?
“Era aquilo a que se chama um passe plat, uma passagem para travessas com alimentos. Era através dela que os monges encaminhavam pratos e travessas da cozinha diretamente para o refeitório.” E porque servia apenas para a passagem de utensílios de cozinha e de refeições, não havia necessidade de a construir com dimensões maiores.
Essa cozinha primitiva remonta aos tempos em que a Ordem de Cister ocupava o mosteiro, cujos monges seguiam regras rigorosas de jejum e, portanto, não necessitavam de mais motivações para se manterem na linha, além da religiosa, está claro.
Assim sendo, a que se deve o surgimento deste mito? “Depois da extinção das ordens religiosas e com a maior parte dos mosteiros a passarem para a posse do Estado, criou-se a ideia de que os monges teriam uma ‘rica vida’, que só comiam e dormiam. Começaram a surgir as figuras dos monges gordinhos, associadas ao imaginário popular dos doces conventuais”, explica. Contudo, os monges cistercienses seguiam uma “dieta rigorosa” e “comiam o que produziam, essencialmente peixe, legumes, fruta e pão”.
Esta lenda é invariavelmente contada às muitas crianças que visitam o monumento, apesar dos responsáveis sublinharem sempre que “nada disso é verdade”.
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