A ilha Terceira, nos Açores, voltou a sentir a terra a tremer. O vulcão de Santa Bárbara, o ponto mais alto da ilha, entrou em fase de reativação e obrigou as autoridades a elevar o nível de alerta para o V3. A decisão, comunicada pelo Instituto de Vulcanologia e Avaliação de Risco (IVAR), resulta do aumento consistente da atividade sísmica registada nos últimos meses, um sinal de que o sistema vulcânico se encontra mais ativo do que o habitual.
De acordo com a SIC Notícias, o comportamento do vulcão tem vindo a preocupar os investigadores desde 2022, ano em que começaram a detetar valores sísmicos acima dos de referência. Embora não haja, para já, indícios de uma erupção iminente, a subida de nível implica um reforço da monitorização e dos planos de prevenção na ilha.
Três sismos no mesmo dia levantaram nova preocupação
Só num dos dias da última semana, o solo da Terceira registou três sismos consecutivos, com magnitudes entre 2.6 e 3.8, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) e o CIVISA, entidade responsável pela vigilância sismovulcânica no arquipélago.
Segundo a mesma fonte, este tipo de sequência, com vários abalos próximos no tempo e no espaço, tem sido cada vez mais frequente, um comportamento compatível com a fase de reativação em curso.
Apesar da intensidade moderada dos sismos, o IVAR sublinha que o fenómeno deve ser acompanhado com atenção, já que a persistência deste padrão pode indicar movimento de magma em profundidade. Por agora, a recomendação é de vigilância e preparação, mas sem alarmismo.
O que representa o nível de alerta V3
Sabe-se que o sistema de classificação utilizado nos Açores vai de V0, que corresponde à fase de repouso, até V7, associada a uma erupção de grandes dimensões. O nível V3, em que o vulcão de Santa Bárbara se encontra, indica uma atividade sísmica “acima dos valores normais de referência, embora ainda distante de uma fase pré-eruptiva.
Escreve a mesma publicação que esta classificação é sobretudo preventiva: serve para ajustar os mecanismos de resposta e garantir que as autoridades locais dispõem de informação em tempo real sobre qualquer alteração relevante no sistema.
Como se preparam os Açores para um cenário vulcânico
O Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores tem protocolos definidos para diferentes níveis de risco. As instruções passam por manter reservas básicas de água e alimentos, conservar documentos pessoais num local acessível e conhecer as rotas de evacuação indicadas para cada zona habitacional. Durante uma situação de emergência, recomenda-se seguir as orientações oficiais e evitar deslocações para áreas próximas do vulcão, lembra a mesma fonte.
O Instituto de Estudos Geológicos dos Estados Unidos (USGS) acrescenta que, antes de uma erupção, é comum observar-se um conjunto de sinais: aumento da frequência de sismos, libertação de gases, aquecimento do solo e deformações da superfície. Nenhum destes indicadores, por si só, confirma uma erupção, mas a combinação de vários exige acompanhamento técnico constante.
Vigilância ativa num arquipélago de 26 sistemas vulcânicos
O arquipélago dos Açores conta atualmente com 26 sistemas vulcânicos ativos, oito deles submarinos. A classificação, segundo o Catalogue of the Active Volcanoes of the World (CAVW), aplica-se a todos os vulcões com registos de erupções nos últimos dez mil anos.
A Terceira, onde se localiza o vulcão de Santa Bárbara, tem sido uma das ilhas mais estudadas pelos investigadores do IVAR e do CIVISA. Refere a SIC Notícias que o objetivo é simples: antecipar sinais de risco e compreender melhor a dinâmica interna do arquipélago. Por enquanto, os cientistas mantêm a vigilância reforçada e sublinham que a subida de alerta não significa perigo imediato, mas sim prudência acrescida.
















