Temporais, cheias e queda de árvores podem impedir a deslocação para o emprego, mas nem sempre isso implica perda de remuneração. De acordo com a DECO PROTeste, organização portuguesa de defesa do consumidor, os trabalhadores que não conseguem chegar ao local de trabalho devido a fenómenos meteorológicos extremos têm direito a justificar a falta junto do empregador.
Quando a falta é considerada justificada
Segundo a mesma fonte, situações fora do controlo do trabalhador, como estradas cortadas ou interrupção de transportes públicos devido a inundações, devem ser aceites como justificadas pelo empregador. Estas faltas não podem levar à redução do salário. Para formalizar a ausência, é recomendado recolher provas do impedimento, incluindo declarações da polícia, proteção civil, junta de freguesia ou câmara municipal, que confirmem a impossibilidade de deslocação.
Como recolher provas e formalizar a ausência
Para justificar a falta, é essencial reunir documentação que comprove o impedimento. Quanto mais evidências forem apresentadas, mais sólida será a justificação. Declarações da polícia, proteção civil ou da câmara municipal podem ser solicitadas para garantir que a ausência seja aceite pelo empregador, protegendo assim o salário e os direitos do trabalhador.
O impacto do mau tempo em Portugal
A depressão Cláudia tem provocado estragos significativos em várias regiões do país. Até às 11h00 desta quarta-feira, a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) registou dois mortos em Fernão Ferro, no concelho do Seixal, vítimas de inundações, e cinco pessoas deslocadas de duas habitações inundadas em Alferrarede, Abrantes. No total, surgiram 918 ocorrências, das quais 594 se devem a cheias e 140 a quedas de árvores.
Lisboa e Vale do Tejo foi a região mais afetada, com 540 ocorrências, seguida do Centro com 263 registos. No Norte surgiram 66 ocorrências, no Alentejo 19 e no Algarve 31. Pela manhã, a E-REDES indicava 13 mil clientes sem eletricidade, sobretudo nos distritos de Lisboa, Santarém e Setúbal, enquanto o total de clientes afetados chegava a 20 mil.
O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) mantém avisos vermelhos para Santarém e Setúbal devido à chuva intensa, laranja para Portalegre, Évora, Beja e Faro, e amarelo no restante território continental e na Madeira. O aviso vermelho indica situação extrema, o laranja risco moderado a elevado e o amarelo alerta para condições meteorológicas que podem afetar determinadas atividades.
O impacto do mau tempo em transportes e serviços
O temporal afeta não só os trabalhadores, mas também transportes públicos e redes de eletricidade. Estradas bloqueadas, interrupção de serviços e cortes de energia complicam a deslocação, reforçando a necessidade de planear com antecedência e manter contacto com o empregador.
Seguros e responsabilidades
A DECO PROTeste alerta ainda para os prejuízos em veículos causados por quedas de árvores ou inundações. Cabe às autarquias manter o património municipal, mas apenas é possível reclamar indemnização se houver prova de negligência, por exemplo, na queda de árvores que danifiquem viaturas.
Para garantir os direitos, trabalhadores e cidadãos devem comunicar a ausência, reunir provas e solicitar documentação oficial. Assim, faltas motivadas por mau tempo podem ser justificadas sem penalização salarial, assegurando proteção legal e segurança.
Tal como refere a DECO PROTeste, a legislação protege os trabalhadores de situações fora do seu controlo, permitindo que fenómenos extremos não se transformem em prejuízos económicos.
















