O banco norte-americano Citigroup protagonizou um erro de grande dimensão ao creditar temporariamente 81.000 mil milhões de dólares na conta de um cliente, quando a transferência pretendida era de apenas 280 dólares. O engano, que passou despercebido por dois funcionários, foi corrigido 90 minutos depois, sem que qualquer montante tivesse saído do banco.
Erro detetado e medidas de correção
De acordo com o Financial Times, o engano foi identificado por um terceiro funcionário do banco que alertou para a discrepância. O Citigroup reportou o incidente ao Federal Reserve dos EUA e ao Gabinete do Controlador da Moeda, garantindo que os seus controlos internos teriam impedido a saída do montante indevido.
Um porta-voz do banco confirmou ao Bloomberg que o erro ocorreu durante a movimentação de fundos entre contas internas da instituição: “Apesar de um pagamento dessa dimensão não poder realmente ter sido executado, os nossos controlos identificaram prontamente o erro e reverteram a entrada. Os nossos controlos preventivos também teriam impedido que quaisquer fundos saíssem do banco”.
O incidente reforçou a necessidade de reforçar a automação e eliminar processos manuais que possam levar a falhas de grande escala. O banco sublinhou que “não houve impacto para o banco ou para o cliente”, mas o episódio expôs os desafios operacionais que ainda persistem.
O que aconteceria se o dinheiro tivesse entrado na conta do cliente?
Caso o montante tivesse efetivamente sido transferido para a conta do cliente, este teria obrigação legal de devolver o valor.
As leis bancárias, tanto nos EUA como na maioria dos países, determinam que um depósito feito por erro não se torna propriedade legítima do beneficiário.
Segundo o Business Insider, nestas situações:
O banco pode reverter a transferência automaticamente: Se os fundos ainda estiverem na conta e não tiverem sido movimentados, a instituição pode recuperar o montante sem precisar de autorização do titular.
Se o dinheiro for gasto, pode haver consequências legais: Caso o cliente utilize os fundos antes da reversão, o banco pode exigir a devolução integral e, se não for possível, pode tomar medidas legais.
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Casos anteriores demonstram as implicações legais: Em vários precedentes judiciais, pessoas que gastaram dinheiro recebido por erro bancário foram obrigadas a reembolsar os valores e, em alguns casos, enfrentaram acusações criminais.
Segundo o New York Times, um caso conhecido nos EUA envolveu um casal que gastou 120.000 dólares depositados por erro na sua conta. O banco exigiu a devolução e, como não tinham os fundos, foram acusados de roubo e fraude bancária.
Um erro que não foi o primeiro
Embora este incidente tenha sido resolvido rapidamente, não foi a primeira vez que o Citigroup enfrentou problemas semelhantes.
Em 2020, o banco transferiu 900 milhões de dólares para credores da empresa de cosméticos Revlon, um erro que levou a um processo judicial de dois anos e à saída do então presidente-executivo, Michael Corbat. Parte do montante foi recuperado, mas algumas entidades recusaram devolver os fundos.
Segundo o Financial Times, o Citigroup registou 10 incidentes financeiros de grande escala no último ano, cada um envolvendo potenciais perdas superiores a mil milhões de dólares.
Impacto no setor bancário
Engano de grande dimensão no banco pode comprometer a confiança dos clientes e investidores.
O caso do Citigroup não foi isolado, mas demonstra como lapsos operacionais, mesmo quando corrigidos rapidamente, podem expor vulnerabilidades nos sistemas internos de grandes bancos.
De acordo com o UBS, as autoridades reguladoras dos Estados Unidos têm vindo a intensificar a fiscalização sobre este tipo de falhas, exigindo processos cada vez mais automatizados e seguros.
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