A comunidade científica continua a investigar o impacto do consumo de água engarrafada em plástico, uma prática comum em todo o mundo, mas que pode esconder riscos pouco conhecidos. Especialistas de vários países, entre eles a Autoridade Alimentar da Finlândia, têm vindo a alertar para o uso continuado das garrafas de plástico, concebidas originalmente “para um só uso”.
De acordo com o jornal espanhol AS, a especialista Merja Virtanen, da Autoridade Alimentar da Finlândia, afirmou ao jornal do mesmo país Ilta Sanomat, que reutilizar garrafas de plástico de forma prolongada “não é seguro”, uma vez que os materiais com o tempo libertam partículas invisíveis para a água. Esta preocupação é sustentada por vários estudos recentes sobre a presença de micro e nanoplásticos nas águas engarrafadas.
Milhares de partículas por litro
Uma das investigações mais citadas, publicada na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, identificou até 240 mil partículas por litro de água engarrafada, a maioria delas em escala nanométrica. Estas partículas, impercetíveis a olho nu, podem entrar no organismo humano e acumular-se em tecidos, embora os efeitos a longo prazo ainda estejam a ser estudados.
Outro estudo, publicado na revista Communications Biology por uma equipa de cientistas chineses, concluiu que as garrafas de plástico são “a principal fonte de ingestão de microplásticos” pelo ser humano. Os investigadores apontaram ainda que esses materiais podem transportar benzopireno, uma substância associada a potenciais efeitos cancerígenos.
O perigo da reutilização e da má higienização
Já o microbiologista Per Saris, da Universidade de Helsínquia, explica que o problema não está apenas nas partículas libertadas pelo plástico, mas também na contaminação bacteriana causada pelo uso prolongado da mesma garrafa. “Não é boa ideia beber da mesma garrafa durante semanas sem a lavar com frequência”, alertou o investigador.
As garrafas reutilizadas podem acumular bactérias nas zonas de contacto com a boca e nas roscas das tampas, especialmente se forem deixadas em ambientes húmidos ou quentes. Esta combinação de microplásticos e microrganismos pode representar um risco adicional para a saúde.
Armazenamento e alternativas seguras
Mesmo sem data de validade, as garrafas de plástico não devem ser expostas à luz solar direta nem a temperaturas elevadas, já que o calor acelera a libertação de partículas. A recomendação dos especialistas é guardá-las em locais frescos e secos, longe de fontes de calor, e evitar a sua reutilização sempre que possível.
A opção mais segura e sustentável passa pelas garrafas térmicas de aço inoxidável ou vidro, que não libertam compostos químicos e podem ser usadas por longos períodos sem comprometer a qualidade da água. Além de protegerem a saúde, reduzem significativamente o impacto ambiental do plástico descartável.
Uma mudança de hábitos necessária
Os cientistas sublinham que, embora a água engarrafada continue a ser considerada segura para consumo imediato, a reutilização das garrafas de plástico comuns é uma prática que deve ser abandonada. Pequenas alterações diárias, como o uso de recipientes adequados e a higienização regular, podem evitar a exposição a substâncias nocivas e contribuir para um estilo de vida mais saudável e sustentável, de acordo com o AS.
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