A cadeia de supermercados espanhola Mercadona anunciou que, só em 2024, gastou 1.400 milhões de euros em produtos oriundos de Portugal. Um número que representa um crescimento de 19% face ao ano anterior e levanta questões sobre onde e como foi feito este investimento.
Segundo a empresa, tratou-se de um reforço claro do compromisso com o mercado nacional e com os produtores locais, num ano em que o abastecimento diário de mais de 60 lojas em Portugal exigiu uma operação à escala nacional.
Compras em alta: o que a Mercadona anda a procurar em Portugal?
Sem entrar em detalhes no anúncio inicial, a empresa veio depois revelar que, entre os produtos adquiridos, estão milhares de toneladas de frescos, milhões de litros de leite e vários outros alimentos que abastecem tanto o território português como algumas lojas em Espanha.
Crescimento de 500% em cinco anos: quem está por trás deste salto?
De acordo com o Notícias ao Minuto, o investimento da Mercadona em Portugal cresceu exponencialmente. Em 2019, o volume de compras feitas a empresas nacionais era de 217 milhões de euros. Cinco anos depois, ultrapassa os 1.400 milhões, o que representa um aumento superior a 500%.
Este crescimento acompanha a expansão do número de lojas, mas também o reforço da estratégia da empresa, que passa por garantir produtos de origem nacional e acordos de longa duração com os fornecedores.
Portugal a alimentar Espanha? O que há por detrás desta operação?
Parte dos produtos comprados em Portugal não fica por cá. A própria Mercadona admite que algumas das compras servem também para abastecer lojas no país vizinho. Isto significa que produtores portugueses estão, indiretamente, a fornecer milhares de clientes em território espanhol.
A empresa opera com uma logística integrada entre os dois países, o que permite uma circulação diária de bens perecíveis de forma rápida e organizada.
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Milhões de litros, milhares de toneladas: os números que fazem este negócio girar
De acordo com os dados divulgados, só em 2024 foram compradas 38.000 toneladas de tomate, 22 milhões de litros de leite e 4.500 toneladas de queijo. Também o peixe fresco representa um volume considerável, com mais de 2.300 toneladas entregues diariamente às lojas.
Estes números mostram a dimensão da operação, mas também a dependência da cadeia em relação à produção nacional.
Quem são os produtores por detrás destes números?
O comunicado da empresa não identifica nomes, mas confirma que os fornecedores portugueses estão distribuídos por várias regiões do país. Desde explorações agrícolas no Alentejo até às lotas costeiras, a Mercadona construiu uma rede de abastecimento baseada na diversidade e na proximidade. Os acordos estabelecidos são, segundo a marca, de longo prazo e garantem estabilidade aos produtores envolvidos.
Que regiões estão a abastecer a Mercadona?
De norte a sul do país, a Mercadona abastece-se de uma ampla variedade de produtos provenientes de diferentes regiões. Os lacticínios chegam maioritariamente das zonas Norte e Centro, onde se concentram importantes explorações leiteiras e produtores de queijo. O Alentejo destaca-se como fornecedor de tomate e azeite, aproveitando o clima favorável e a dimensão agrícola da região.
O peixe fresco é recolhido diariamente em diversas lotas ao longo da costa portuguesa, permitindo entregas rápidas e produtos frescos nas lojas. Já os hortícolas têm origem em várias zonas do país, assegurando uma oferta diversificada e constante ao longo do ano. Esta rede de abastecimento regional permite à Mercadona garantir qualidade, proximidade e apoio à produção nacional.
Mais lojas, mais compras: a tendência vai manter-se?
Com mais de 60 lojas em Portugal e novas aberturas previstas, a cadeia espanhola prevê continuar a aumentar o volume de compras a fornecedores nacionais nos próximos anos. O crescimento da rede traduz-se em maior necessidade de abastecimento, o que torna previsível um aumento contínuo dos investimentos no país.
O que está por detrás de uma aposta de 1.400 milhões?
A Mercadona sublinha que esta estratégia faz parte de um plano mais alargado de diferenciação e compromisso com a qualidade dos produtos. O objetivo passa por oferecer alimentos frescos, de produção nacional e com rastreabilidade garantida.
Sem prometer números para os próximos anos, a empresa deixa claro que Portugal continuará a ser uma peça central na sua operação logística e comercial.
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