Nos últimos anos, os produtos sem glúten tornaram-se uma escolha popular não só para pessoas com doença celíaca, mas também para aqueles que procuram uma alimentação mais saudável. No entanto, um estudo recente veio lançar um alerta preocupante sobre os riscos associados a um alimento em particular.
Produtos sem glúten sob investigação
A mandioca, um tubérculo amplamente utilizado em dietas livres de glúten, é frequentemente transformada em farinha, batata frita e bolachas, sendo considerada uma opção versátil e segura.
No entanto, a investigação conduzida pela organização norte-americana Consumer Reports, especializada em defesa do consumidor, revela níveis alarmantes de metais pesados em produtos à base de mandioca.
Chumbo em níveis preocupantes
A mandioca, um tubérculo amplamente utilizado em dietas livres de glúten, é frequentemente transformada em farinha, batata frita e bolachas, sendo considerada uma opção versátil e segura. No entanto, a investigação conduzida pela organização norte-americana Consumer Reports, especializada em defesa do consumidor, revela níveis alarmantes de metais pesados em produtos à base de mandioca.
De acordo com o Notícias ao Minuto, a análise feita pela Consumer Reports abrangeu 27 produtos diferentes à base de mandioca, como batata frita e bolachas, populares entre os consumidores que evitam o glúten. Os resultados foram alarmantes: dois terços dos produtos testados continham níveis de chumbo que ultrapassavam em 2000% os valores considerados seguros para a saúde humana.
De acordo com o estudo, a mandioca tem uma capacidade elevada de absorver metais pesados do solo, entre eles o chumbo. Este metal tóxico, quando consumido em quantidades elevadas, é conhecido por provocar danos graves no organismo, afetando principalmente o sistema nervoso e o desenvolvimento cerebral. Os efeitos da exposição prolongada incluem problemas cognitivos, dificuldades de aprendizagem e, em casos extremos, perturbações neurológicas irreversíveis.
Opinião de especialista
James E. Rogers, PhD, diretor de investigação e testes de segurança alimentar da Consumer Reports, afirmou: “Alguns destes produtos de mandioca apresentaram os níveis de chumbo mais elevados que alguma vez testámos, e estou na Consumer Reports há oito anos e meio.” Rogers enfatizou que, embora não se deva entrar em pânico, é importante que os consumidores estejam conscientes destes riscos para poderem tomar medidas adequadas para reduzir a ingestão de chumbo, dado que a exposição prolongada pode levar a efeitos adversos para a saúde.
Além disso, um estudo publicado na revista Environmental Earth Sciences analisou a presença de chumbo em farinha de mandioca consumida por comunidades ribeirinhas na região do Tapajós, na Amazónia brasileira.
Os resultados indicaram que a contaminação está associada a fatores ambientais, como a composição geológica local e a presença de depósitos polimetálicos no solo, sugerindo que a mandioca cultivada nestas áreas pode absorver metais pesados do ambiente.
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Riscos para a saúde
A exposição continuada ao chumbo, segundo a mesma fonte, está associada a doenças graves, incluindo cancro e alterações no desenvolvimento cerebral em crianças. Nos adultos, o consumo prolongado de metais pesados pode contribuir para o aparecimento de doenças cardiovasculares, danos renais e complicações neurológicas.
Estes riscos são ainda mais preocupantes para pessoas que optam por dietas sem glúten de forma permanente, uma vez que o consumo de produtos à base de mandioca é muitas vezes diário.
Especialistas alertam que o perigo não se limita aos produtos processados. A mandioca em estado natural, cultivada em solos contaminados, pode também apresentar níveis elevados de metais tóxicos. Esta realidade levanta preocupações sobre a segurança dos métodos de cultivo e a fiscalização dos níveis de contaminação nos solos onde este tubérculo é plantado.
Segurança alimentar em questão
A Consumer Reports reforça a importância de uma fiscalização rigorosa dos produtos sem glúten que chegam ao mercado, especialmente os que contêm mandioca. Embora em alguns países existam normas para controlar os níveis de metais pesados nos alimentos, a aplicação dessas regras nem sempre é eficaz.
Importância da origem dos produtos
Os consumidores, tal como referido no Notícias ao Minuto, devem estar informados sobre a origem dos produtos que compram. Optar por marcas que garantam práticas de cultivo sustentáveis e com controlo rigoroso pode ser uma forma de minimizar riscos. No entanto, o estudo revela que a contaminação está amplamente disseminada, sendo necessária uma intervenção mais robusta por parte das autoridades reguladoras.
Transparência e segurança alimentar
Para os consumidores portugueses que adotaram a mandioca como alternativa ao glúten, esta revelação coloca em causa a confiança nos produtos que chegam às prateleiras dos supermercados. A transparência sobre os métodos de produção e a origem dos alimentos torna-se cada vez mais relevante para garantir a segurança alimentar.
A investigação da Consumer Reports deixa um alerta claro: a escolha de alimentos sem glúten deve ser feita com precaução, e a origem dos produtos deve ser considerada um critério essencial na hora de decidir o que levar para casa.
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