Existem diversas variedades de arroz apreciadas em Portugal, como o agulha, arbóreo, carolino, basmati, integral, selvagem, vaporizado, vermelho, jasmim e uruchimai, este último muito usado em sushi. No entanto, estima-se que haja mais de 10 mil variedades em todo o mundo. Entre elas, destaca-se um tipo que pode ser obtido de formas completamente distintas.
O arroz cor-de-rosa natural
O arroz cor-de-rosa natural, conhecido como “Rosa Marchetti”, é produzido em algumas regiões italianas, como a Lombardia. A sua coloração especial deve-se à presença de algas ou microorganismos que se desenvolvem nos arrozais quando as condições ambientais são favoráveis, como temperaturas elevadas e pouca profundidade da água.
Os pigmentos libertados por esses microorganismos são absorvidos pelos grãos, conferindo-lhes um tom rosado. Estes compostos, chamados antocianinas, também são responsáveis por outras tonalidades, como o roxo e o vermelho, dependendo do pH do meio. Além da sua aparência distinta, este arroz é apreciado pelo seu sabor suave e textura macia.
Uma criação inovadora
Por outro lado, cientistas da Universidade de Yonsei, na Coreia do Sul, desenvolveram uma versão sintética deste arroz, a que chamaram “arroz híbrido”. O processo de fabrico consiste em revestir os grãos com gelatina de peixe em escala nanométrica e, posteriormente, incorporar células musculares e adiposas de bovinos.
Para que os grãos adquiram a composição desejada, estes são incubados a 37ºC durante um período de uma a duas semanas. Depois desse tempo, estão prontos a ser cozinhados, podendo ser preparados no micro-ondas antes do consumo.
Uma alternativa sustentável?
Os investigadores referem que este arroz híbrido tem um teor de proteínas e hidratos de carbono superior ao do arroz tradicional. A inovação pretende ser uma alternativa mais sustentável em termos ambientais, ajudando a reduzir as emissões de carbono associadas à indústria da carne bovina.
Impacto ambiental e benefícios nutricionais
Enquanto a produção de 100 gramas de carne de vaca pode gerar até 50 quilos de dióxido de carbono, a produção de igual quantidade deste arroz sintético emite menos de 6,27 quilos. A gelatina de peixe desempenha um papel crucial no processo, permitindo que as células bovinas se fixem aos grãos.
Pequenas diferenças nutricionais
Os cientistas explicam que o arroz obtido apresenta um ligeiro aumento de 0,3 gramas de proteína e 160 miligramas de hidratos de carbono por cada 100 gramas, em comparação com o arroz comum. Isso ocorre devido à forma como os hidratos de carbono interagem com os componentes celulares, atrasando a sua decomposição.
Um estudo publicado na revista “Matter” indica que consumir 100 gramas deste arroz equivale, em termos nutricionais, a ingerir 100 gramas de arroz tradicional acompanhados por um grama de carne de peito de vaca. Contudo, a nutricionista Lia Faria alerta que ainda não há estudos suficientes para determinar os efeitos do consumo regular deste alimento.
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E quanto ao sabor?
Em termos de sabor, os investigadores descrevem-no como semelhante ao arroz convencional, mas com uma nota subtil de proteína animal, lembrando manteiga e amêndoas, bem como um ligeiro travo de gordura.
Vale a pena substituir o arroz tradicional?
De acordo com Lia Faria, o arroz cor-de-rosa não apresenta diferenças nutricionais significativas em relação ao arroz comum. Além disso, para quem procura aumentar o consumo de proteína, a diferença é pouco relevante, tornando esta opção pouco vantajosa para esse propósito.
No que respeita à perda de peso, também não parece haver vantagens, pois o conteúdo calórico é semelhante ao do arroz tradicional. No entanto, a nutricionista admite que este produto pode ajudar a reduzir ligeiramente o consumo de carne e, por consequência, minimizar a pegada ecológica associada à alimentação.
Questões éticas e perspetivas futuras
A utilização de células bovinas levanta questões éticas, sobretudo entre vegetarianos e veganos. Apesar disso, os cientistas garantem que o processo não exige o abate de animais para produzir este arroz.
Neste momento, a equipa está a trabalhar em novas variantes, explorando a incorporação de células de diferentes espécies, incluindo peixe e outras carnes, de forma a diversificar a oferta conforme as preferências dos consumidores. O objetivo é disponibilizar este arroz a nível global e a preços competitivos.
Onde comprar em Portugal?
Segundo a Nit, ainda não é possível experimentar a versão híbrida, mas para quem quiser experimentar a versão natural deste arroz, já é possível encontrá-lo à venda em supermercados portugueses. No Continente, por exemplo, o arroz cor-de-rosa Caçarola, proveniente de Itália, custa 3,74€.
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