Em Torrelavega, norte de Espanha, os moradores vivem há meses cercados por milhares de insetos conhecidos como percevejo-asiático (Halyomorpha halys), uma espécie invasora que já motivou alertas em várias regiões do país. Apesar de inofensiva para a saúde humana, a praga deste inseto está a causar sérios incómodos e preocupação entre a população, segundo o jornal El Diario Cantabria.
O bairro de Covadonga, em Torrelavega, na Cantábria, tornou-se o epicentro de uma praga que está a deixar centenas de famílias em desespero. Desde 2024 que os residentes enfrentam uma invasão constante destes insetos.
A infestação começou de forma localizada, mas já se espalhou por várias ruas, chegando a zonas próximas como Ganzo e Barreda. Os insetos instalam-se em paredes, janelas e tetos das casas, especialmente durante os meses mais quentes, e libertam um odor forte quando se sentem ameaçados.
Reclamações sem resposta eficaz
Desde abril de 2025 que a Associação de Moradores Besaya tem apresentado sucessivas queixas à Câmara Municipal de Torrelavega e à vereadora do Ambiente, Patricia Portilla. Apesar das promessas de fumigação, os residentes afirmam que a resposta foi lenta e insuficiente.
De acordo com a mesma fonte, o desespero é tal que alguns vizinhos relatam matar entre 50 e 60 insetos por dia sem que isso traga qualquer alívio. Muitos dizem que já não conseguem abrir as janelas, pois os insetos entram de imediato nas divisões, colando-se às cortinas e móveis.
O cheiro
Uma das moradoras descreveu nas redes sociais a situação como “asquerosa” e denunciou a inação das autoridades. Contou que já não é possível ventilar a casa sem que dezenas de insetos apareçam e que o odor que deixam é “insuportável”, sobretudo durante o calor.
Embora não piquem nem transmitam doenças, a presença constante destes insetos tem afetado gravemente a qualidade de vida dos habitantes. O cheiro que libertam, aliado ao ruído e ao incómodo visual, está a transformar o quotidiano num “tormento”.
Risco de se alastrar a outras zonas
Os moradores temem que a praga deste inseto se continue a espalhar para outros bairros de Torrelavega. O Halyomorpha halys é uma espécie invasora originária da Ásia e já presente em vários países europeus, incluindo Portugal, onde tem sido detetada sobretudo em zonas agrícolas. O inseto alimenta-se de frutas e plantas, podendo causar prejuízos em pomares e vinhas, conforme refere a mesma fonte. Embora não represente perigo direto para as pessoas, a sua capacidade de reprodução e resistência torna o controlo particularmente difícil.
Falta de soluções concretas
A autarquia de Torrelavega prometeu reforçar as ações de fumigação, mas os residentes continuam sem ver resultados visíveis. Alguns chegaram a recorrer a misturas caseiras com água e amoníaco, na tentativa de afastar a praga deste inseto.
No entanto, sem uma estratégia coordenada, o problema tende a agravar-se. Segundo o El Diario Cantabria, a erradicação deve passar por combinar medidas de limpeza urbana, controlo biológico e sensibilização da população.
Uma preocupação que atravessa fronteiras
Nos últimos meses, várias regiões de Espanha têm registado o mesmo problema. As autoridades locais lançaram campanhas de sensibilização para que a população identifique e elimine o inseto, evitando a sua expansão.
Em Portugal, o Halyomorpha halys também já foi observado em alguns distritos do norte, embora ainda não tenha atingido a dimensão registada em Espanha. As autoridades ambientais portuguesas seguem de perto a evolução da praga, que pode representar risco para culturas agrícolas.
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