Em França, onde vivem cerca de 564 mil residentes nascidos em Portugal, o acesso ao dinheiro está a entrar numa nova fase: os multibancos tradicionais começam a ser substituídos por “pontos de serviço de numerário” mais completos, numa mudança acelerada pelos bancos e pela queda do uso de caixas clássicas neste país da União Europeia (UE).
A lógica é simples: com mais pagamentos digitais, há menos levantamentos no país e manter milhares de multibancos fica cada vez mais caro para as instituições. Ao mesmo tempo, o numerário continua a ser relevante e a decisão não significa “fim do dinheiro”, mas sim uma reconfiguração de como ele é disponibilizado.
De acordo com o jornal espanhol AS, a nova aposta passa por equipamentos de “nova geração” que juntam várias funções num só ponto: além de levantar dinheiro, também permitem depósitos e outras operações básicas, tornando o serviço mais útil e, em teoria, mais fácil de manter.
França acelera a mudança (e já há calendário)
A rede chama-se Cash Services e resulta de uma parceria entre quatro grandes grupos bancários, que estão a concentrar recursos numa infraestrutura comum. A meta anunciada é clara: perto de 7.000 pontos Cash Services em França até 2026, instalados dentro e fora de agências.
Segundo informação divulgada no setor, e citada pelo AS, a expansão acelera a partir de 2025 e será acompanhada pela retirada de milhares de equipamentos antigos, sobretudo em zonas urbanas e periurbanas, onde o uso caiu e há mais “sobreposição” de máquinas.
Em paralelo, existe também uma vertente pensada para localidades com menos acesso a serviços, com propostas dirigidas a autarquias que queiram instalar um ponto de numerário no seu território, ainda que isso possa implicar custos de instalação e manutenção suportados localmente.
O que muda para quem precisa de dinheiro vivo
Na prática, estes novos pontos não servem apenas para levantar: podem permitir depósitos de notas e moedas, depósito de cheques, transferências e consulta de saldo/histórico, com o sistema a reconhecer o cartão e a mostrar a interface do banco do cliente.
Outra promessa importante é reduzir (ou eliminar) custos quando se usa uma máquina fora do “seu” banco, pelo menos para clientes das redes envolvidas, algo que tem sido cada vez mais sensível em vários mercados.
Ainda assim, a mudança pode trazer um efeito imediato para o dia a dia: em algumas zonas do país, sobretudo cidades, pode haver menos “multibancos clássicos” e mais pontos integrados, o que obriga a alguma adaptação, especialmente a quem usa numerário com frequência, segundo explica o AS.
E quem vive em Portugal, deve preocupar-se?
Para já, esta é uma transformação centrada em França e conduzida por bancos franceses, num contexto europeu em que o digital cresce e o dinheiro físico perde peso, embora continue presente nas rotinas de muitas famílias.
Para os portugueses que viajam ou vivem no país, a recomendação prática é simples: confirmar na app do banco onde ficam os pontos disponíveis, ter sempre um plano B (cartão e pagamento por aproximação) e evitar depender de um único local para levantamentos, sobretudo em semanas de deslocações e férias.
A tendência, tudo indica, é de “menos caixas tradicionais” e mais pontos multi-serviço. O essencial é acompanhar a evolução local, porque o impacto vai variar muito de cidade para cidade, e nem sempre a mudança acontece ao mesmo ritmo em todo o território.
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