Na edição do Expresso de 17 de agosto de 2019, o texto publicado neste espaço terminava assim: “Tem sido assim o percurso da canábis: entre a clandestinidade e a aceitação, sempre à espera do próximo debate.”
Ora, o próximo debate começa por causa disto: três em cada 100 portugueses consomem canábis pelo menos 20 vezes por mês, o que torna Portugal o segundo país da Europa com maior consumo regular desta substância, concluiu há poucas semanas o Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (EMCDDA). Aliás, 69% dos consumidores nacionais dizem consumir a planta mais do que 20 vezes por mês.
Eunice já fez parte deste grupo: “Comecei a fumar com 16 anos. No início era só de vez em quando, socialmente. Passado pouco tempo começou a ser diariamente porque me ajudava com as insónias. Nessa altura só fumava à noite: era o meu comprimido para dormir”, conta esta jovem de 24 anos natural de Viana do Castelo, e que preferiu que o seu nome completo não fosse publicado — isto apesar de o seu caso não ser de todo problemático.
Com o consumo diário, a sua relação com a canábis mudou: “Fui reduzindo e parei há cerca de três anos porque sentia que estava a afetar ligeiramente a memória, e isso tornava o meu trabalho mais lento”, explica.
O hábito não custou a morrer: “Foi muito fácil parar. A partir do momento em que decidi parar não tive vontade”, garante Eunice.
Notícia exclusiva do nosso parceiro Expresso