Milhares de toneladas de alimentos são desperdiçadas anualmente devido à confusão entre diferentes datas indicadas nos rótulos. Especialistas esclarecem o que pode ou não ser consumido após o prazo.
O desperdício alimentar continua a ser um problema significativo em Portugal e na União Europeia, com uma parte substancial dos produtos descartados ainda em condições de serem consumidos. A confusão entre “data de validade” e “data de durabilidade mínima” tem levado muitos consumidores a deitarem fora alimentos que, na prática, ainda estão próprios para consumo.
A legislação europeia obriga a que determinados produtos alimentares apresentem uma “data de validade”, que indica o período até ao qual o produto pode ser consumido com segurança. Alimentos como carne fresca, peixe e produtos lácteos são exemplos de bens perecíveis que, ultrapassado o prazo indicado, podem representar um risco para a saúde.
Já a “data de durabilidade mínima”, frequentemente acompanhada da menção “consumir de preferência antes de”, é diferente. Neste caso, o prazo não significa que o alimento se torna automaticamente impróprio para consumo após essa data, mas sim que pode haver uma alteração no sabor, textura ou valor nutricional. Produtos como massas, arroz, conservas e alguns laticínios são exemplos de alimentos que podem manter-se aptos para consumo mesmo depois do prazo indicado.
De acordo com a Comissão Europeia, cerca de 10% do desperdício alimentar na UE está relacionado com a má interpretação destes prazos. Em Portugal, um estudo da Deco indicou que 40% dos consumidores deitam fora produtos que ainda estão em condições de serem consumidos, sendo que 14% referem descartar restos de refeições que poderiam ser reaproveitados.
Alguns países europeus já adotaram medidas para reduzir o desperdício alimentar associado a estas datas. No Reino Unido e na Dinamarca, por exemplo, algumas cadeias de supermercados eliminaram a indicação da “data de durabilidade mínima” em produtos considerados de longa conservação, como cereais, arroz e iogurtes. O objetivo passa por incentivar os consumidores a avaliarem os alimentos com base na aparência, cheiro e sabor, em vez de seguirem rigorosamente a data inscrita na embalagem.
Em Portugal, o tema tem sido debatido, e algumas iniciativas procuram promover um consumo mais consciente. O Governo tem estudado formas de reduzir o desperdício alimentar, incluindo incentivos para a redistribuição de produtos próximos do fim do prazo e campanhas de sensibilização sobre a correta interpretação dos rótulos. No entanto, o sucesso dessas iniciativas dependerá, em grande parte, da colaboração entre produtores, distribuidores e consumidores.
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