A coordenadora de BE assumiu este domingo o “mau resultado” nas europeias e anunciou uma Conferência Nacional para discutir o papel do partido no atual ciclo político e debater a política de alianças para as autárquicas do próximo ano.
Numa conferência de imprensa para apresentar os resultados da Mesa Nacional da véspera, Mariana Mortágua assumiu que o BE teve “um mau resultado” nas últimas eleições europeias, nas quais “perdeu votos, perdeu percentagem e perdeu um mandato”, sendo esta a “sequência de uma perda eleitoral” que o partido não foi capaz de reverter.
Comprometendo-se a trabalhar para “reverter este ciclo político”, a coordenadora do BE anunciou que foi decidido “abrir um debate alargado, dentro e fora do partido sobre a afirmação do Bloco de Esquerda como uma esquerda moderna, unitária”.
“Um primeiro passo nesse processo é uma Conferência Nacional que a Mesa Nacional convoca para o ultimo trimestre de 2024”, antecipou, referindo que este momento será de “participação aberta” aos militantes.
O objetivo dos bloquistas é que se faça um “debate muito alargado sobre o papel do Bloco de Esquerda no presente ciclo político, nacional e internacional”.
“Queremos que essa conferência sirva também para fazer um debate sobre as responsabilidades da esquerda perante um ciclo autárquico que se abre agora e em particular para discutir a política de alianças do BE nas eleições autárquicas”, acrescentou.
A proposta da direção do BE, segundo Mortágua, é que se “debatam as condições para convergências à esquerda que se possam traduzir em projetos verdadeiramente transformadores no território”, dando como exemplo “a possibilidade de convergências mais alargadas para derrotar executivos de direita em sítios chave do país como em Lisboa”, referiu.
Sobre as críticas da oposição interna de não ter sido feito um balanço sobre a linha política seguida na sequência da geringonça e que terá levado a este ciclo de derrotas eleitorais, a coordenadora do BE defendeu que “esse debate está feito e que o Bloco de Esquerda nunca fugiu a ele”.
“Temos que reconhecer o que aconteceu, temos que reconhecer que o Bloco teve um mau resultado [nas europeias], temos que compreender o ciclo político que enfrentamos, a viragem à direita, que ela não se reverteu nestas eleições, embora tenha havido uma transferência de votos entre os partidos de direita que provocou uma derrota ao Chega que é sempre de ressalvar neste balanço”, apontou.
No entanto, para Mortágua, “no essencial o ciclo político é o mesmo”.
“O debate que temos que fazer é como inverter este ciclo político e qual é o papel dos partidos de esquerda, porque esta é uma perda de espaço do Bloco, certamente, mas de toda à esquerda, em particular à esquerda do PS, e isso deve provocar-nos uma vontade de uma reflexão sobre o futuro, sobre como é que a esquerda se afirma como uma alternativa”, defendeu.
A última Conferência Nacional do BE, então a IV, realizou-se no final de abril de 2022 com o objetivo de debater o rumo estratégico do partido, abordar a reorganização interna e a oposição dos bloquistas à então maioria absoluta do PS.
Essa IV Conferência Nacional tinha sido convocada pela Mesa Nacional que analisou os resultados eleitorais do partido nas legislativas antecipadas de 2022, nas quais o BE falhou os seus objetivos, deixou de ser a terceira força política, perdeu metade dos votos e ficou reduzido a cinco deputados.
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