A ideia de que é seguro consumir alimentos que caíram ao chão, desde que os apanhemos em menos de cinco segundos, é uma crença comum, informalmente conhecida como “a regra dos 5 segundos”. No entanto, será que essa crença popular tem fundamentos científicos? É aconselhável comer alimentos que estiveram em contacto com o chão?
De acordo com Paula Teixeira, professora e investigadora na área de segurança alimentar na Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica no Porto, em declarações prestadas ao Viral, a regra dos cinco segundos é, na realidade, um mito.
“A regra dos 5 segundos não tem qualquer fundamento. Os micróbios não ficam ali à espera e só ao fim de 5 segundos atacam ou passam para o alimento”, afirma.
Paula Teixeira esclarece, no entanto, que existem variáveis que podem afetar a probabilidade de os microorganismos aderirem a um alimento após a queda. Um desses fatores é o tipo de alimento em questão.
Por exemplo, num alimento úmido, como um pedaço de pão com compota, os microorganismos presentes no chão podem aderir à compota. No entanto, num alimento seco e liso, como uma bolacha, os micróbios podem ter mais dificuldade em aderir.
Outro fator importante a considerar é a rugosidade da superfície. Superfícies rugosas tendem a permitir uma aderência mais eficaz dos microrganismos. Também a probabilidade de contaminação de um alimento que cai numa superfície limpa é menor do que se cair numa superfície suja.
Assim, a ação apropriada a tomar quando um alimento cai ao chão varia dependendo das circunstâncias. Se o alimento que caiu for lavável e será efetivamente lavado antes de ser consumido, “não há problema em fazê-lo”. O mesmo vale se o alimento que caiu for destinado a ser cozinhado imediatamente, pois o processo de cozimento eliminará a maioria dos micróbios.
Por outro lado, se o alimento não puder ser lavado nem cozinhado, a professora de segurança alimentar aconselha a sua rejeição. Afinal, uma vez que um alimento toca o chão, está sujeito a diversos fatores de contaminação, tornando-o potencialmente inseguro para o consumo.
A regra dos cinco segundos não é defendida pela ciência. Sempre que possível, é aconselhável adotar uma abordagem cautelosa para evitar riscos desnecessários à saúde.
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