O Banco Central da Rússia decidiu prolongar o encerramento da Bolsa de Valores de Moscovo até à próxima terça-feira, dia 8 de março, segundo comunicou este sábado o banco central. A decisão de abrir, ou não, a 9 de março será comunicada no próprio dia. A praça moscovita já está encerrada desde 28 de fevereiro, depois de um colapso de mais de 30% na sexta-feira anterior.
O fecho de portas durante esta guerra de agressão à Ucrânia já bateu o anterior recorde de encerramento durante quatro sessões em outubro de 1998 durante a grave crise financeira que levou a uma quebra brutal do valor do rublo e a uma moratória de 90 dias no pagamento de dívida externa.
O risco de bancarrota regressou com a agência de notação S&P a proceder a um segundo corte, em apenas quatro dias, na classificação da dívida de longo prazo em rublos e em divisas estrangeiras, considerando-a, agora, com um risco substancial de incumprimento. O rating desceu abruptamente para CCC-, já perto de default. Já em 1998, a S&P tinha cortado a notação da dívida russa para CCC- em setembro e depois para bancarrota seletiva (parcial) em janeiro do ano seguinte.
A Moody’s cortou a notação para B3, a segunda mexida em sete dias e a Fitch desceu o rating para B no dia 2 de março.
Atualmente, com notação de CCC- está o Turquemenistão (atribuída pela Fitch) e em incumprimento seletivo está a Zâmbia e o Suriname, notações atribuídas pela S&P e Fitch.
A Rússia registava uma dívida externa de 478,16 mil milhões de dólares (440 mil milhões de euros) no final de 2021, apenas 21% do PIB, e em que a parte pública é diminuta, somando o equivalente a 20 mil milhões de dólares em divisas estrangeiras e o equivalente a 42 mil milhões de dólares em rublos. Segundo o banco central, há um pagamento líquido de encargos da dívida de 21,8 mil milhões de dólares (cerca de 20 mil milhões de euros) no primeiro semestre por parte de entidades não financeiras.
O rublo caiu 36% em relação ao euro desde a invasão da Ucrânia. Os juros dos títulos russos a 6 meses duplicaram no mesmo período, estando em 24%, um nível superior às taxas pagas nas obrigações a 10 anos (19,5%). Os mercados preveem que os juros a 10 anos subam para 30% em junho e quase 40% em dezembro.
Recorde-se que o Banco Central da Rússia subiu a taxa diretora em fevereiro de 8,5% para 20% e injetou no sistema bancário o equivalente a 30 mil milhões de dólares.
Entretanto, dois bancos plurinacionais com sede na China, o Banco Asiático de Investimento em Infraestruturas (27% do poder voto da China e 23% do conjunto dos membros da NATO) e o Novo Banco de Desenvolvimento (fundado pelos cinco BRICS, África do Sul, Brasil, China e Rússia), suspenderam operações com a Rússia e a Bielorrúsia.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL