O investimento no Desenvolvimento Local de Base Comunitária (DLBC) urbano em Portugal, entre 2017 e 2023, ascendeu a 38,4 milhões de euros, apoiando 316 projetos e criando 671 postos de trabalho, anunciou a rede DLBC Lisboa.
De acordo com os resultados do DLBC urbano em Portugal (2017-2023), apresentados na semana passada em Lisboa, o investimento de 38,4 milhões de euros repartiu-se em 14,7 milhões na área do Porto, 12,3 milhões em Lisboa, 7,9 milhões em Setúbal e 3,4 milhões no Algarve.
No Porto, beneficiaram o Grupo de Ação Local (GAL) Porto, através do Instituto Padre António Vieira, com 7,3 milhões de euros, o GAL Porto Ocidental, promovido pela ADILO – Agência de Desenvolvimento Integrado de Lordelo do Ouro, com 2,1 milhões, e o GAL Gaia, da Cruz Vermelha Portuguesa – delegação de Vila Nova de Gaia, com 5,2 milhões.
Em Lisboa, a rede DLBC Lisboa obteve 5 milhões de euros, a Fator C – Capital para o Desenvolvimento Local em Alcabideche e São Domingos de Rana (Cascais) recebeu 3,2 milhões e o GAL Sintra Urban beneficiou de 4 milhões de euros.
O apoio para Setúbal foi repartido pela Santa Casa da Misericórdia de Almada (2,5 milhões de euros), Idset – Associação Portuguesa para a Inovação e Desenvolvimento, Capacitar o Montijo (1,3 milhões), idset — Eu…Também Conto, em Setúbal (2 milhões), e Adrepes – Associação para o Desenvolvimento Rural da Península de Setúbal (2 milhões).
No Algarve, a Vicentina – Associação para o Desenvolvimento do Sudoeste liderou os investimentos em Silves (1,6 milhões de euros) e em Lagos (1,7 milhões).
O investimento de 38,4 milhões de euros beneficiou 218 empresas, quatro cooperativas, 88 associações e três fundações, apoiou 316 projetos e criou 671 postos de trabalho, nas várias áreas de intervenção de alimentação, cultura e artes, desporto, educação, empregabilidade, família, migrações, saúde e urbanismo.
Rede DLBC Lisboa foi criada em 2015 para combater bolsas de pobreza em meios urbanos
A rede DLBC Lisboa foi criada em 2015, para poder aceder a fundos europeus de DLBC urbano, para combater bolsas de pobreza em meios urbanos, conseguindo cinco milhões de euros para a cidade de Lisboa, para as organizações de base local concretizarem os seus projetos.
A DLBC Lisboa, com 207 associados, apoiou com os 5 milhões de euros, no domínio dos projetos inovadores e/ou experimentais na área social, 34 projetos, 29 associações, três cooperativas e uma fundação, e com uma taxa de execução de 75% contribuiu para 56 novos serviços, 17 novos produtos, seis novas marcas registadas, e a criação de 98 postos de trabalho, num total de 71.254 destinatários.
As ações em Lisboa incidem sobre os bairros de intervenção prioritária definidos pela Câmara de Lisboa desde 2010, quando a autarquia mapeou a cidade segundo vários indicadores para determinar os territórios mais pobres onde era preciso intervir.
No seguimento das intervenções na capital, Maria José Domingos, diretora-geral da rede, salientou que a DLBC Lisboa é considerada “uma boa prática a nível europeu pela própria Comissão Europeia”, que já convidou a organização a demonstrar o seu modelo de governação, por não ser dependente e não ter sido “um município a liderar” o movimento.
“O DLBC urbano está a crescer na Europa, em vários países, e não se consegue perceber, foi com bastante perplexidade que nos apercebemos que não havia DLBC urbano em Portugal”, no próximo quadro comunitário, reiterou.
“E como tal resolvemos criar uma Federação Nacional na defesa deste instrumento, que nós acreditamos que é a melhor forma de chegar às pessoas e com as pessoas combater as desigualdades, e vamos também criar uma a nível europeu, aí também com o apoio da Comissão Europeia”, anunciou Maria José Domingos.
Para já, Maria José Domingos salientou que a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) de Lisboa e Vale do Tejo “também gostava de poder continuar com este tipo de intervenção”, mas “não é a CCDR que decide, é o Governo e o Quadro de Coesão”.
Por outro lado, houve várias linhas de financiamento no anterior quadro comunitário, mas a rede DLBC Lisboa só se candidatou a uma, porque as outras não “faziam muito sentido para os bairros” onde estavam a intervir.
Algumas linhas “eram para sistemas ou empreendedorismo”, e as pessoas que vivem nestes bairros “já são empreendedoras no dia-a-dia para conseguirem viver”, uma vez que para criarem o seu posto de trabalho, que é extremamente difícil, “outras condições têm que estar asseguradas primeiro”, frisou.
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