Em 2011 respondemos positivamente ao convite para colaborar no Cultura.Sul
Estávamos a realizar um Pós-Doutoramento em Artes Visuais e sentimos que poderíamos ajudar a esclarecer algumas dúvidas que por vezes são colocadas por quem aprecia arte.
Daí termos decidido escrever os artigos a partir de uma questão que colocávamos como título. A colocação de uma pergunta poderia suscitar a curiosidade do leitor, mas sobretudo é a primeira etapa para a construção de qualquer tipo de conhecimento, inclusivamente o científico. A colocação de uma boa pergunta de partida permite delimitar desde logo o caminho a seguir no processo de investigação que procurará encontrar resposta para a questão colocada.
E o nosso objetivo era precisamente contribuir para clarificar dúvidas que as pessoas muitas vezes colocam em relação às artes visuais e, dessa forma, contribuir para uma maior valorização deste domínio e ajudar a construir algum conhecimento sobre este o mesmo.
Assim, no primeiro artigo que escrevemos em 2011 procurámos responder à questão “Mas, afinal, o que é a arte?”. Esta é precisamente uma questão que muitas pessoas colocam face à cada vez maior diversidade dos produtos artísticos que se podem encontrar em exposições. Concluímos este primeiro artigo afirmando que “sendo a arte uma forma de comunicação, afinal aquilo que não parece ter sentido até tem; temos é que o tentar descobrir, sendo esse também um dos desafios da arte”.
A partir daí fomos escrevendo artigos, tendo os primeiros onze sido integrados no livro “Construção de um percurso multidisciplinar, integrativo e de síntese nas Artes Visuais” que publicámos em 2015. Na Introdução deste livro, explicitámos que, com os artigos publicados, “não procuramos a resposta correta ou adequada para cada questão, até porque não existe, mas sim tentamos esclarecer cada uma dessas questões pela nossa curiosidade e gosto pela arte, procurando aprofundar, simultaneamente, alguns aspetos que ajudam a compreender o trabalho artístico que temos realizado e as opções que temos tido neste percurso”.
Pensámos em ficar por aí, até porque o tempo que temos para o efeito é muito reduzido, mas com as palavras de incentivo de vários leitores e pela nossa própria curiosidade e prazer pela pesquisa neste âmbito, fomos continuando a escrever, sempre colocando uma questão no título de cada artigo. Não é um processo fácil e nunca pensámos escrever tantos artigos, mas o que é certo é que, com a atitude que procuramos ter em relação a tudo na vida em que “o caminho faz-se caminhando…”, no último número do Cultura.Sul escrevemos o nosso quinquagésimo artigo, intitulado “Pode a arte contribuir para a paz?”.
Decidimos neste artigo nº 51 apresentar as 50 questões colocadas nos artigos escritos ao longo destes vários anos, podendo o leitor ter acesso a cada um dos artigos ao clicar no respetivo título e procurar nessa edição do Cultura.Sul a página onde o artigo está publicado.
Assim, os títulos dos artigos publicados foram os seguintes:
Qual a importância do título numa obra artística?
Qual a importância do pensamento na produção artística?
As obras com texto escrito podem ser arte visual?
Um artista pode ser enquadrado em diferentes estilos artísticos?
A arte e a ciência são mundos diferentes?
As descobertas da ciência podem ser fonte de inspiração artística?
Qual o “lugar” da Psicologia da Arte?
Qual a importância do reconhecimento da criatividade dos artistas?
Qual a margem de liberdade do artista na realização da sua obra?
Qual a importância da cor nas artes visuais?
Qual a importância da cor nas artes visuais? (século XIX e início do século XX)
Qual a importância da cor nas artes visuais? (do século XX à atualidade)
Qual o sentido das artes visuais?
A fotografia no desenvolvimento das artes visuais?
A fotografia pode ser considerada uma forma de arte, tal como a pintura?
Como se podem integrar a fotografia e a pintura na produção artística?
Qual o “espaço” para a arte digital na atualidade?
O espetador pode ser criador/artista na arte interativa?
Onde está a “pureza” na produção artística?
Quais os limites para a integração de técnicas nas artes visuais?
Pode a arte estar ligada ao turismo?
Qual a importância da formação para se ser artista?
Quais as fases no desenvolvimento histórico das relações entre a pintura e a fotografia?
Pode uma imagem visual sintetizar ideias complexas?
Pode uma imagem visual sintetizar questões psicossociais complexas e atuais?
O Algarve apenas serve para fruir das Artes Visuais?
O que é o stresse? Resposta através da imagem visual.
Pode a ilustração expressar visualmente a realidade?
Quais os limites para o uso do corpo humano na arte?
Qual o “peso” de se saber quem é o autor da obra?
Pode a arte emergir a partir do “lixo”?
A arte urbana tem uma duração limitada?
Pode a arte emergir da natureza?
A “rua” pode ser uma galeria de arte?
Qual o impacto sociopolítico da arte?
Podem as guerras “inspirar” obras de arte?
Podem as artes visuais expressar felicidade?
Porquê colecionar obras de arte?
Pode a arte ajudar a promover o turismo urbano?
A dimensão das obras de arte altera a sua perceção?
Pode ser criada arte a partir da poluição?
Pode a arte ajudar a proteger os oceanos?
Pode a arte visual ser “expressa” para os cinco sentidos?
Pode a arte fazer a ponte entre a realidade e a ficção?
Pode a arte influenciar a política?
Pode a arte contribuir para a paz?
À questão “quantas mais questões iremos colocar?” ou “quantos mais artigos iremos escrever?”, não sabemos responder.
Mais uma vez, “o caminho faz-se caminhando”…
(Artigo publicado no Caderno Cultura.Sul de maio)
(CM)