Litoral algarvio: um desafio ainda por superar
Perante a qualidade de excelência do nosso litoral, o Algarve enche todos os anos, com uma vivência intensa, de turistas nacionais e estrangeiros, sobretudo nos três meses de verão. De facto, o Turismo resolve a vida económica de muita gente e proporciona investimentos importantes, agora também no Alojamento Local.
A questão que se levanta é se o Estado tem feito a parte que lhe compete, melhorando as infraestruturas, nomeadamente proporcionando adequadas vias rodoviárias, como a EN 125, ou as ligações ferroviárias, ou mesmo os acessos às praias.
Nesta área, embora o litoral algarvio seja resiliente na captação de turistas, contempla fragilidades de infraestruturas gritantes, como seja, as áreas de estacionamento na retaguarda, os meios de transporte adequados, uma mobilidade integrada e coerente com o ambiente, zonas de equipamento acessíveis a pessoas com mobilidade condicionada, etc.
Salvo raras exceções, o desafio de um Algarve moderno e infraestruturado ainda não está superado, embora em todas as regiões do país esse desiderato já tenha sido atingido e ultrapassado.
Infraestruturas estruturantes: porquê o atraso?
As infraestruturas estruturantes necessárias ao Algarve são de diversa ordem: o Hospital Central do Algarve, as ligações ferroviárias, as estruturas de apoio em termos económicos, as interfaces que não existem, e a já tão afamada requalificação da EN 125.
Sendo reclamado por todos os algarvios, qual a razão porque todos os Governos sucessivamente persistem em desvalorizar? Talvez porque nos falta a regionalização, ou porque o Algarve não tem um peso político fundamental para que possa ter significado na decisão governamental.
O Algarve merece uma atenção justa sobre os seus projetos estruturantes, sobretudo em termos de saúde e de mobilidade, sob pena de prejudicar a coesão social e económica da região. Esta realidade irá mais cedo ou mais tarde entrar pelas portas de muitos portugueses, sejam estes residentes ou turistas na região.
Tendências do Estado no nosso litoral
As tendências do Estado são normalmente de duas ordens de grandeza: ou ausência no investimento, ou exploração de recursos já pagos há longo tempo, como sejam as portagens da Via do Infante, entupindo ainda mais a EN 125, como se pôde verificar mais uma vez este Verão.
Agora, parece existir uma outra tendência a nível nacional: a descentralização de competências, que no Algarve não existindo uma regionalização poderá trazer pressões interessantes de estudar a longo prazo.
O litoral continua a ser o local privilegiado dos algarvios para o desenvolvimento da sua atividade económica em todos os verões. Será fácil produzir resultados no Turismo, mas muito do que é fundamental para a vida dos cidadãos ainda está por concretizar.
(Artigo publicado no Caderno Cultura.Sul de Setembro)