O Carnaval mais antigo do país saiu à rua, entre os dias 3 e 5 de março, para a sua 113ª edição. O tema deste ano, “Circo Selfie”, teve como principal destaque as artes circenses aliadas à palavra selfie, a mais utilizada do momento até pelo Presidente da República. Esta escolha deveu-se “à cor que (o circo) tem, à panóplia de disfarces que podemos utilizar e àquilo que são os elementos figurativos que temos no nosso museu”, tal como adianta Carlos Carmo, vereador da Câmara Municipal de Loulé, e um dos responsáveis da organização do Carnaval.
Desfile marcado pela sátira
A sátira política, social e desportiva, é já imagem de marca do corso anual na Avenida José da Costa Mealha, contando com figuras bastante conhecidas do panorama político-social português. Cristiano Ronaldo, Mário Centeno, Donald Trump e Theresa May foram algumas das figuras em destaque neste desfile, que, tal como afirma André Leman, diretor de segurança do evento, “é alusivo a situações relacionadas com a sátira política, está muito giro! Acho que as pessoas acabam por usar este tema e o Carnaval para poder dizer aquilo que não têm coragem de dizer diretamente aos políticos”.
A organização referiu, ainda, que procura sempre inserir novas figuras, de ano para ano, tentando sempre reutilizar o máximo de adereços possível, reduzindo desperdícios e custos, mantendo sempre a originalidade e a diversidade.
Este ano, o desfile contou com cerca de seiscentos participantes, entre grupos de animação contratados, grupos de animação das coletividades do concelho, escolas de samba e tripulantes dos 14 carros alegóricos, sendo totalizado um investimento de 350 mil euros por parte da autarquia.
IPSSs do concelho beneficiam de receita do carnaval
Das receitas angariadas através da venda dos bilhetes, cinquenta por cento reverte a favor das associações presentes no desfile, sendo que, os outros cinquenta por cento serão distribuídos por diversas Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) do concelho de Loulé, como a UNIR e o Existir.
O dinheiro entregue às associações é utilizado para trabalhar, ao longo do ano, com as crianças, tal como acrescenta Maria Cristina, do Rancho Folclórico Infantil e Juvenil de Loulé, afirmando que “as roupas e os sapatos (do rancho) são todos muito caros, isto é uma maneira de angariar dinheiro. A câmara dá-nos uma verba, com a nossa participação, e esse dinheiro nós gastamos com os miúdos, nos fatos, nas saídas para fora e nos almoços nessas mesmas saídas”.
Autarquia promove melhorias na segurança do recinto
A segurança do espaço é, também, uma preocupação para a autarquia, pelo que os protocolos de segurança têm sido melhorados ano após ano. André Leman, responsável de segurança do evento há vários anos, afirma que este foi um sucesso, “tal como em anos anteriores, especialmente a nível da população local, visto que estão a agir mais e estão mais habituados aos procedimentos de segurança”.
É de saber que este evento se tornou a imagem de marca da cidade de Loulé, sendo “ uma festa já identitária, e tão antiga que já não se consegue pensar em Loulé sem pensar no Carnaval, portanto daí vem logo a extraordinária importância que tem este corso carnavalesco. Loulé é conhecido no país também por causa do Carnaval”, refere Vítor Aleixo, presidente da Câmara de Loulé.
Nestes três dias de festa, e apesar da chuva que se fez sentir, foram milhares os foliões que se deslocaram à Avenida José da Costa Mealha, para este que é um dos eventos com mais valor histórico e cultural do país.
(Andrea Camilo, Eunice Silva e Henrique Dias Freire)