No quadro do progressivo abandono a que o Algarve tem sido votado, regista-se também que o serviço de Onda Média do centro emissor de Santa Maria, na meia légua, entre Faro e Olhão, que servia a Antena1 na cobertura do Algarve e Baixo Alentejo, está sem funcionar há mais de três anos.
O emissor, sem segurança há algum tempo, foi vandalizado em Dezembro de 2015, mantendo-se desde então desativado, numa clara desvalorização da importância estratégica que a rede analógica tem para o país. O custo estimado para a reposição das emissões era de cerca de 50 mil euros, mas a recolha, por Lisboa, do emissor e do material de comunicações ali existente, revela a intenção da RTP em livrar-se de mais um encargo que, em despesas de funcionamento, representava um encargo de 15 Kvalts/h em consumo de energia.
Não deixa também de ser preocupante o silêncio ensurdecedor e a passividade com que os agentes políticos têm encarado este problema, por quanto é sabido a importância estratégica da onda média, uma vez que, em situações de emergência nacional, a rede digital é a primeira a soçobrar. Isto já se verificou no passado, quando um forte ciclone deixou o país sem comunicações. E foi através da rede analógica da então Emissora Nacional que as autoridades puderam estabelecer as orientações de apoio as populações.
O espaço onde está a torre de emissão da Onda Média, em pleno Parque Natural da Ria Formosa, foi colocado à venda há cerca de dois anos, revelando, se ainda restasse alguma dúvida, a decisão da RTP em não retomar as emissões para o sul do país.
Além do mais, o silêncio da estação oficial traduz-se ainda na ausência da língua portuguesa do quadrante da telefonia onde, à exceção da Rádio Renascença com um emissor de fraca potência (emissor de Vilamoura -1Kw), só se fala, predominantemente, árabe e espanhol.
(CM)