Vanessa Barragão tem 26 anos, é licenciada em design de moda e as suas peças não deixam ninguém indiferente… A jovem algarvia cria peças de tapeçaria de grandes dimensões, através de processos totalmente artesanais.
O POSTAL foi descobrir um pouco mais sobre o trabalho da artista, “a ideia da criação destes trabalhos não surgiu de forma imediata. Foi um processo bastante gradual. Eu tirei design de moda e talvez tenha começado por aí. Eu sempre gostei muito da parte manual e inclusivamente era eu que fazia as minhas peças de roupa, todas por processos artesanais. Entretanto, comecei a perceber que não era a desenhar roupa que me sentia totalmente feliz e que estava à procura de uma coisa mais artística”.
Durante o mestrado a jovem portuguesa dedicou-se à fiação da lã. Atualmente, as peças que produz são o conjunto de diversas técnicas, como é o caso do croché ou a feltragem da lã.
A artista pretende mostrar a importância da reciclagem e de sermos amigos do ambiente
Nos trabalhos que desenvolve a artista pretende “mostrar a importância da reciclagem e de sermos amigos do ambiente. Eu retrato os recifes de coral e o que a poluição e o aquecimento global estão a fazer aos ecossistemas. Estamos a destruí-los devido à poluição e à forma como produzimos as coisas”.
A jovem utiliza processos de produção completamente artesanais, ou seja, sem recurso a máquinas, reutilizando restos de stocks de fábricas. Todo o material advém, portanto, do aproveitamento da reciclagem.
Vanessa Barragão diz que procura utilizar “este processos quando estou a fazer as minhas peças para tentar incentivar as pessoas a fazer o mesmo”.
A artista vai buscar os materiais a fábricas, acrescenta que começou “a utilizar bastante materiais da fábrica Tapetes Beiriz, que é onde trabalho também. E só quando fui para essa fábrica é que comecei a perceber a quantidade de desperdício efetivo que existia”.
A jovem algarvia tem sido mencionada em várias notícias e artigos da especialidade e o seu trabalho está a ser cada vez reconhecido e solicitado.
Vanessa Barragão tem um atelier no Porto e refere que os compradores das suas obras são diversos: “desde empresas a pessoas particulares, mas essencialmente fora do país. Os compradores mais regulares são originários dos Estados Unidos”.
Os tapetes da artista têm preços variáveis que dependem da técnica e do tempo utilizado.
Quanto ao tempo que demora a realizar os seus trabalhos, diz que “depende bastante do tamanho, mas posso demorar duas semanas, como posso demorar um mês ou se se tratar de uma peça mais pequena um ou dois dias”.
“Inspiro-me na questão do aquecimento global e na transformação que o nosso planeta está a ter e também no mar, nos corais”
O POSTAL quis saber o que é que mais a inspira e a albufeirense foi bastante incisiva: “inspiro-me na questão do aquecimento global e na transformação que o nosso planeta está a ter e também no mar, nos corais… Foi das coisas mais impressionantes que vi quando era pequena e que sempre me inspirou bastante. É exatamente nisso que eu me foco ao realizar os meus trabalhos”.
Fora do país a artista já expôs as suas obras em vários sítios como a Austrália, Estados Unidos e Londres.
No que diz respeito à evolução do seu trabalho, Vanessa contou que começou “as tapeçarias porque me sentia bem a criar uma coisa diferente que não fosse roupa. Quando me compraram a primeira peça fiquei surpresa e a partir daí as coisas foram ganhando proporções que eu nunca imaginei”.
Quanto ao futuro, a jovem revela que nunca pensou que o seu trabalho “fosse ter o sucesso que está a ter e cada vez mais me sinto feliz por estar a fazer uma coisa que realmente gosto. Sinto que quero fazer isto durante muito mais tempo”.
A jovem albufeirense partilha as suas criações através do instagram e leva o nome do Algarve, cada vez mais, além-fronteiras.
(Stefanie Palma / Henrique Dias Freire)